opinião

OPINIÃO: O exército de Pinóquios


A internet deu voz a muitos imbecis. Sim! Não se ofenda,. Com certeza, em algum momento, todos iremos compartilhar alguma notícia falsa, como pós-verdade ou convicção. Um levantamento do grupo de pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação da Universidade de São Paulo (USP) e do Laboratório de Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) mapeou os sites noticiosos mais compartilhados por brasileiros nas redes sociais. Entre os mais de 200 listados, foram encontrados 69 com conteúdo suspeito. Os "diretores" das chamadas fábricas de boatos, em regra geral, são pessoas desconhecidas que, em sua maioria, usam o anonimato como proteção ou vergonha. Os interesses que estão escondidos nessas "fábricas" são puramente econômicos. Ou seja, converter cliques em dólares, motivados por manchetes sensacionalistas, chamativas e com edições terríveis, mas iscas fáceis para os leitores da web.

Outra característica desse mercado é o fato de que o conhecimento em política, economia ou em jornalismo são secundários. O local de trabalho pode ser um apartamento em Porto Alegre ou em alguma periferia de São Paulo. O gestor pode ser um ex-estudante ou um ex-gerente de um posto de combustíveis que percebeu a oportunidade de ganhar dinheiro fácil na internet. Infelizmente, temos vários exemplos de sites que produzem esse tipo de conteúdo.

Cito aqui dois sites que foram destaque, pelas notícias e pela ousadia, em matéria produzida pela revista Valor Econômico. O site Gospel Prime, um portal de notícias focado no público evangélico, é um dos mais acessados do país. Entre suas chamadas publicou: "Estão entregando dinheiro na mão de terroristas!". A matéria seria uma revelação de que os políticos Michel Temer e Rodrigo Maia estavam trabalhando na tentativa de desviar dinheiro de uma obra, por meio de uma Medida Provisória de ocasião, para financiar terroristas palestinos.

A notícia falsa fez com que o Ministério das Relações Exteriores publicasse uma nota desmentido a informação, mas o site Gospel Prime manteve a postagem e insistiu no texto original. Ou seja, continuou mentindo, sem errata ou pedido de desculpa. Outro exemplo do mesmo site: "Um cientista que colocou em dúvida a Teoria da Evolução acabou demitido por questionar a veracidade dos fatos".

Uma das estratégias dos sites de notícias falsas é publicar informações verídicas entre as falsas, trazendo assim uma falsa sensação de credibilidade, que leva as pessoas a confiar e clicar mais vezes no conteúdo. Outra notícia, amplamente divulgada pelo segundo site em número de acessos em notícias identificadas como falsas do país, Virgulistas, declarou que "lutadora de vale tudo enfrenta adversária trans e morre". Ao clicar na notícia, o leitor se depara com uma imagem do suposto velório da lutadora, que logicamente não existe em nenhum ranking especializado em MMA. As notícias falsas existem pelo desconhecimento da população, e, principalmente, porque o foco não está no jornalismo e na informação e, sim, nas quantidades de cliques que se transformam em dinheiro.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

OPINIÃO: Um garoto que amava os Beatles Anterior

OPINIÃO: Um garoto que amava os Beatles

OPINIÃO: Por que mais um plano diretor para Santa Maria? Próximo

OPINIÃO: Por que mais um plano diretor para Santa Maria?

Colunistas do Impresso